Meu nome é Iara Lucia Candido de Oliveira, tenho 50 anos e trabalho em um supermercado em Piabetá-Magé. Neste ano de 2020, fomos surpreendidos por uma doença que tirou as pessoas das ruas, aqui em Piabetá, onde moro e trabalho, tudo ficou diferente, a partir de 23/03/2020 foi decretado uma quarentena no munícipio, porque até esse momento, só ouvíamos falar nos noticiários sobre a doença, mas, ela chegou até aqui.
A rotina de trabalho se modificou, todos queriam álcool, o estoque acabou. Começamos a usar máscaras e luvas para trabalharmos e o atendimento aos clientes era feito, mas, tínhamos medo, porque a doença nos rondava.
Minha cidade ficou vazia, as pessoas apenas vinham ao mercado e a farmácia, em um certo momento, começamos a vender maior quantidade de mercadorias porque as pessoas ficaram com medo da falta de comida.
Graças a Deus, só um funcionário ficou alguns dias afastado por causa de uma gripe, os outros tiverem medo e receio, mas Deus nos ajudou e continuamos a trabalhar.
Depois de alguns meses da quarentena, o prefeito mandou esterilizar a cidade, nos sentimos mais seguros, mas ainda assim com medo, porque enquanto as pessoas estavam se guardando em suas casas, nós estávamos nos expondo para o bom funcionamento do comércio.
Claro que tivemos mudança de hábitos, a limpeza melhorou, mas ninguém estava livre de ser contaminado. Todos os dias eu ia dormir pedindo a Deus que a vacina chegasse, porque no outro dia, eu teria mais um dia de trabalho e precisava proteger a mim e minha família.
Acabaram as visitas, as festas, o culto, era só trabalhar e pedir a Deus para nos guardar.
Ir trabalhar nunca foi tão difícil, o medo era constante, a contaminação era eminente. Mas creio que a cura vai chegar, e aí poderemos nos abraçar, nos visitar e acima de tudo confiar que a medicina vai avançar e nos curar.
Graças a Deus, os trabalhadores dos supermercados não foram prejudicados, as vagas continuaram a aumentar mesmo em meio a pandemia.
Houve dias que eu ia caminhando e me sentia sozinha no mundo, não tinha ninguém na rua, apenas eu. Que doença estranha, ela destrói o psicológico, o contato com o próximo, temos medo das outras pessoas.
Enquanto aguardamos a cura, espero que os governantes se voltem para o povo e não como fizeram até agora, desviando verbas para os próprios bolsos.
Copyright © 2017 - 2021 - CESTEH