Hoje é o dia daquele que cuida dos distúrbios da linguagem e da comunicação humana:o fonoaudiólogo(a). Função regulamentada no ano de 1981, esses profissionais cuidam de adultos e crianças com distúrbio na fala e na escrita. E, neste momento de pandemia, não poderia ser diferente.
Os fonoaudiólogos foram classificados como serviço essencial. A profissão tem mais 13 especialidades, e dentre elas, 3 são consideradas de extrema importância para enfrentar a Covid-19 — disfagia, motricidade orofacial, fononeurofuncional —, já que alguns estudos apontam que o novo coronavírus pode causar, além de riscos pulmonares, danos neurológicos. Os mesmos estudos apontam que cerca de 1% dos pacientes com Covid-19 podem sofrer acidente vascular cerebral, o que causa danos reparados com a ajuda de um profissional de fonoaudiologia.
Muitos desses profissionais têm atuado na linha de frente ao combate do novo coronavírus em Unidade de Tratamento Intensivo, por exemplo. “Existe a necessidade de se evitar o risco de broncoaspiração ou de possíveis dificuldades de deglutição na retirada do tubo orotraqueal (extubação), as necessárias análises sobre a coordenação respiratória/deglutição, cognição, motricidade orofacial, respiração, alterações de voz ou na comunicação nos estágios de tratamento pós intubação orotraqueal; ventilação mecânica. Uma alteração na função da deglutição pode até levar à morte”. A explicação é da pesquisadora e fonoaudióloga que atua no Serviço de Fonoaudiologia do Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana (Cesteh/ENSP), Marcia Soalheiro.
Outros pontos de atuação, considerados importantíssimos neste momento, são nos berçários de neonatologia. A pesquisadora explica que, durante esta pandemia, os profissionais de fonoaudiologia estão “fortalecendo a integridade do complexo orofacial e a atuação das funções de sucção, respiração e deglutição do leite materno”.
Dentro da saúde pública, esses profissionais estão presentes desde a Reforma Sanitária na criação do Sistema Único de Saúde, o SUS. “Com a Lei. 8.080/90, Lei Orgânica da Saúde, que definiu o SUS, os fonoaudiólogos tiveram a oportunidade de expandir sua atuação para os diversos níveis de assistência à saúde, incluindo a atenção básica, média e alta complexidade”, ressaltou a pesquisadora.
Para além do ambiente de pandemia, esses profissionais tem uma atuação constante no ambiente de saúde do trabalhador. Os fonoaudiólogos atuam em diversas ações como frente à defesa, vigilância e cuidado da saúde do trabalhador sempre visando à promoção e proteção da saúde dos trabalhadores, bem como a redução da morbimortalidade decorrente dos modelos de desenvolvimento e dos processos produtivos.
Dentro dessas ações, o profissional de fonoaudiologia está presente em uma das principais estratégias, que tem como ênfase as ações de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador, a Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador (Renast). Seu propósito é unificar a rede do SUS de serviços de assistência e a vigilância das ações de saúde do trabalhador, criando, assim, os Centros de Referência em Saúde do Trabalhador – Cerests.
Escute o podcast que a pesquisadora Marcia Soalheiro gravou para o Informe ENSP, no qual ela explica um pouco mais sobre a profissão de fonoaudiólogo na saúde ao longo desses 39 anos de regulamentação da profissão.