Essa é uma demanda antiga do Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana (Cesteh/ENSP), anterior à gestão atual. O Cesteh é um Centro de Saúde do Trabalhador. Sua vinculação orgânica não é somente com a Escola Nacional de Saúde Pública, mas também com a Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora e um conjunto de movimentos sociais relacionados aos trabalhadores. Nessa perspectiva, necessitávamos de um canal de comunicação no qual pudéssemos tanto nos mostrar para o mundo - no sentido amplo - como a sociedade poder nos achar, pois uma das dificuldades que encontramos, quando damos palestras, quando estamos em atividades externas à Fiocruz, é que as pessoas não conhecem o Cesteh. Trata-se de um centro da Escola, mas ele é muito mais que isso. Precisávamos de fato de um canal de comunicação com o mundo externo.
Portanto, escrevemos um projeto que atendesse a uma necessidade de comunicação em Saúde do Trabalhador, pois é isso que o Webcesteh é: um projeto de Comunicação e Informação (C&I), e não somente um site. Ele está dentro de um escopo maior de se pensar a nossa Política de comunicação Comunicação e Informação em Saúde do Trabalhador.
Informe ENSP: Como foi o processo de construção do Webcesteh?
Leandro Carvalho: Em 2015, quando completamos 30 anos, os trabalhadores do Cesteh discutiram o desenvolvimento de um site, pois já existia um movimento de que precisávamos de um. Estávamos reeditando um folder de apresentação do Cesteh, e, naquele momento, foi muito discutido o lugar do ensino, da pesquisa, do serviço, bem como nossa missão. Esse material gerou todo esse debate; na verdade, era uma atualização de materiais antigos. Pouco tempo depois, a Kátia Reis assumiu a coordenação do Cesteh, e, em seguida, fomos contemplados com o Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Institucional (Fadi/ENSP). A Coordenação levou a proposta ao Conselho Deliberativo do Cesteh, e com a aprovação da aplicação do recurso para o desenvolvimento do Webcesteh, seguimos com todo o protocolo.
Informe ENSP: Como o projeto se desenvolveu?
Leandro Carvalho: A determinação da Coordenação do Cesteh de que o desenvolvimento do Webcesteh era projeto prioritário foi fundamental em todo o processo. A primeira coisa, e talvez uma das mais importantes para o êxito, é que foi determinada, por meio de portaria, uma pessoa representando cada atividade, desenvolvida pelo Cesteh (Ensino, Pesquisa e Serviços), para compor um Grupo de Trabalho. Uma pessoa do ensino, uma da pesquisa, uma do laboratório, uma do ambulatório e uma da gestão; todas com o papel de trazer um olhar mais específico, mais detalhado daquela atividade, porém no contexto geral do Cesteh.
Ao final de 2016, quando a verba foi efetivamente liberada, começamos a fazer reuniões periódicas para desenvolver o site, sempre com todo o grupo presente - os representantes do Cesteh e os profissionais externos envolvidos no projeto, de uma empresa contratada para tal tarefa e da Coordenação de Comunicação Institucional (CCI/ENSP), considerados fundamentais no desenvolvimento do Webcesteh. Assim, o projeto foi acontecendo, até chegarmos efetivamente ao produto que temos consolidado hoje, e, por se tratar de um espaço virtual, estará em constante atualização.
Informe ENSP: Quanto tempo levou o processo de construção do projeto até efetivamente ir para o ar?
Leandro Carvalho: Pouco menos de um ano. Demos início ao projeto em novembro/dezembro de 2016, quando começamos a gestar o site, e fizemos o lançamento do Webcesteh em julho de 2017. Hoje, temos noção de que foi um processo rápido, e isso se deve muito à Coordenação, pois houve total apoio na questão de recursos, bem como na construção do Grupo de Trabalho, que foi crucial, além é claro do trabalho em equipe de todos os envolvidos. Cada representante de sua área se empenhou em sua atividade e se dedicou bastante ao desenvolvimento do site. Além disso, tivemos toda autonomia de trabalho, e sempre com muito diálogo com a Coordenação.
Informe ENSP: Agora que o Webcesteh já está efetivamente no ar, aberto a todo o mundo, o que vocês esperam com esse novo canal?
Leandro Carvalho: Estamos sendo pioneiros na Escola com o desenvolvimento do Webcesteh, que tem uma proposta a mais, pois se desdobra em várias outras preocupações do Cesteh. Em primeiro lugar, efetivar uma Política de Comunicação e Informação em Saúde do Trabalhador. O primeiro produto que estamos apresentando é o Webcesteh, mas pretendemos que ele se expanda.
Kátia Reis: Temos essa questão do aspecto do agenciamento político, que o Leandro colocou muito bem, ou seja, pretendemos colocar nossa posição em relação aos principais temas do Brasil. Por exemplo, soltamos uma nota sobre a Reforma Trabalhista, algo que estamos discutindo no cenário atual. A gente precisa se posicionar em relação ao mundo do trabalho, pois é para isso que existimos. Nossas pesquisas oferecem subsídios para que possamos nos posicionar diante dos principais temas nacionais. Esse é um aspecto fundamental.
Temos também o aspecto de formação e entendemos que uma ferramenta de formação deve ser pedagógica, ou seja, ter troca. Esperamos que os trabalhadores e suas organizações entrem em contato conosco estabelecendo um canal de troca. É lógico que pretendemos também dar visibilidade aos produtos acadêmicos do Cesteh, como artigos, livros e etc.
Leandro Carvalho: Temos uma parte do site destinada a isso, ‘Produções do Cesteh’, que pode ser desde um artigo até uma reportagem que cite o trabalho de algum pesquisador do Centro. Todo material disponível no Webcesteh está em acesso aberto. Toda a política do Webcesteh está em consonância com a Política de Comunicação e Informação da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz).
Informe ENSP: Qual a perspectiva em relação ao trabalhador?
Leandro Carvalho: Esperamos que o trabalhador acesse facilmente o Cesteh. O acesso físico ao Cesteh é muito comum ao trabalhador que nos conhece, que já veio até nós, mas o mundo do trabalho se renova constantemente. Nessa perspectiva, aquele trabalhador novo ou mesmo o trabalhador antigo, que de alguma forma precisa de apoio em Saúde do Trabalhador e não consegue nos achar fisicamente, o site favorece, diminui a distância, estreita a relação e facilita a comunicação para além de uma ferramenta de gestão interna.
O Webcesteh possui um aspecto de gestão interna muito importante, uma ferramenta facilitadora, mas, certamente, ele vai melhorar a nossa comunicação com o trabalhador que está fora da Fiocruz, que está fora do Brasil, com o trabalhador que está em qualquer lugar do mundo. Pretendemos que o site também esteja disponível em outra língua. Esperamos dar cada vez mais visibilidade ao Cesteh, em todas as suas ações voltadas à Saúde do Trabalhador. Queremos que a C&I em Saúde do Trabalhador seja uma alavanca de mudanças, trazendo sempre informações, notícias, dados e resultados que fortaleçam a luta dos trabalhadores e trabalhadoras por melhores condições em seus ambientes de trabalho e em sua vida, promovendo assim mudanças sociais.
Kátia Reis: Um ponto muito importante, também, é conceituarmos o que é Saúde do Trabalhador, porque Saúde do Trabalhador não é Saúde Ocupacional e nem Medicina do Trabalho. Por isso, o Webcesteh tem também papel educativo de delimitar exatamente o que é a Saúde do Trabalhador.