A Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou o livro 'WHO guidelines on protecting workers from potential risks of manufactured nanomaterials". A elaboração do Guia contou com a participação do pesquisador William Waissmann, do Cesteh/Ensp e de sua aluna de mestrado Maria de Fatima Torres F. Viegas, da Fundacentro.
O termo nanomateriais refere-se a materiais que tenham pelo menos uma dimensão (altura, largura ou comprimento) inferior a 100 nanômetros (10-7 metro), que é, aproximadamente, do tamanho de uma partícula de vírus. Esta dimensão de tamanho particular representa uma característica importante dos nanomateriais fabricados (MNMs). As propriedades únicas dos MNMs podem resultar em melhores tintas, melhores medicamentos e eletrônicos mais rápidos. No entanto, pelo mesmo motivo, as MNM também podem apresentar riscos para a saúde que diferem daqueles da substância massiva e podem exigir diferentes métodos de teste para risco, exposição e avaliação de risco de seus equivalentes de material a granel.
Atualmente, há uma escassez de informações precisas sobre as vias de exposição humana para MNMs, seu destino no corpo humano e sua capacidade de induzir efeitos biológicos indesejáveis, como a geração de estresse oxidativo. Os dados de estudos de inalação de MNMs in vitro, animal e humano estão disponíveis, apenas, para alguns MNMs. Até agora, não foram observados efeitos adversos a longo prazo sobre a saúde em seres humanos. Isso pode ser devido à recente introdução de MNMs, à abordagem preventiva para evitar a exposição e preocupações éticas sobre a realização de estudos em seres humanos. As recomendações de saúde devem, portanto, basear-se na extrapolação da evidência de estudos in vitro, animais ou outros de campos que envolvem exposição a partículas em nanoescala, como a da poluição do ar, aos possíveis efeitos nos seres humanos. Trabalhadores em todos os países estarão na primeira linha de exposição a esses materiais, colocando-os em maior risco de potenciais efeitos adversos para a saúde.
Portanto, a OMS propõe essas diretrizes para formuladores de políticas e profissionais no campo da saúde e segurança ocupacional com recomendações sobre a melhor forma de proteger os trabalhadores contra os riscos potenciais das MNMs."
O Prof William Waissmann esclarece que o que se chama de forma massiva ("bulk"), em inglês, é a forma comum com que lidamos com os materiais. Por exemplo, podemos ter partículas de dióxido de titânio com dimensões, acima, da nanoescala (a forma massiva), e nanopartículas de dióxido de titânio, com dimensões na nanoescala.
A questão básica é que, em nanoescala, e, por estarem em nanoescala ( a questão tem origem nas dimesões), partículas podem ter propriedades alteradas em relação às propriedades das mesmas partículas na forma massiva, e propriedaes quânticas podem começar a ter domínio. Podem, não é obrigatório.
Abaixo, gráfico relativo ao ponto de fusão do ouro.
Percebam, no exemplo, que diferente do que, comumente, julgamos, o ponto de fusão não é fixo, para um mesmo elemento (no caso, o ouro) para as mesmas CNTP. Em partículas, aproxidamente, abaixo de 25-50 nanômetros, o ponto de fusão começa a declinar e a queda é função das dimensões da nanopartícula.